sexta-feira, 16 de maio de 2008

UMA NOVA GESTÃO CULTURAL E A ECONOMIA DA CULTURA

Houve uma época em que o investimento em arte e cultura, de modo geral, eram tratados como óbulo. Isto fazia com que muita gente ao comprar um livro de um escritor local ou uma obra de artista conterrâneo se sentisse um mecenas e expressasse em grande estilo, que estava comprando para ajudar. Era péssimo ouvir isso!

Os tempos mudaram, embora as pessoas nem tanto. Se hoje vivemos uma realidade de que as artes precisam de incentivo, também reconhecemos que as ações no setor precisam estar pautadas na autosustentabilidade. Depois, não se pode jogar a responsabilidade no governo, pela ausência de uma política cultural, num pais onde os parâmetros das desigualdades iniciam no estômago.

Dessa forma a gestão de um equipamento cultural, seja ele público ou privado, não pode contemplar apenas o lado simbólico e emocional que as artes proporcionam. É preciso enxergar o aspecto econômico, sustentável e, principalmente, competitivo do setor: o mercado cultural. Com este, interagem outros setores da economia, e definitivamente, o turismo, cujo alcance vai, desde a cultura imaterial até o patrimônio histórico nacional. A cultura, cria a infra-estrutura e o turismo dá sustentabilidade para as demandas, tanto para os museus como para praias. É uma rede de serviços que se estabelece em torno do setor. É assim que funciona em países que têm o turismo como sua principal fonte de renda.

Aos equipamentos culturais cabe, boa apresentação, cumprimento de horários, pessoal capacitado, segurança, atrativos para venda aos visitantes e a garantia da perenidade num retorno futuro. Afinal, o visitante busca novidade e não refugo. Daí a necessidade de uma renovação contínua e da busca da qualidade e da excelência dos serviços. Os equipamentos culturais precisam estar em sintonia com o mundo. Seus gestores, devem ser capazes de buscar parcerias, alternativas de sobrevivência e não continuar com a cuia na mão pedindo o óbulo ou culpando o governo pelo seu infortúnio..

Quando o MASP teve a energia cortada, parece que o Brasil descobriu, finalmente, que a iluminação do museu não era doada. Mesmo assim a facilidade com que se pede gratuidade em salas e auditorios ainda é um escândalo. Ninguém sequer se oferece para pagar alguma taxa, vai pedindo e pronto. Depois vem a conta e o gestor amarga o dissabor.

É preciso fazer dinheiro com a cultura, como qualquer outro negócio. Se as pessoas vão ao exterior e pagam 10 ou 20 euros para visitar um museu, por que aqui tudo deve ser de graça?

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